terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Caro Amigo Vail

 Após vários meses de relatos empolgantes temos o pezar de deixar aqui a minha singela homenagem ao caríssimo Vail que subtamente nos deixou neste dia 13 de fevereiro....amigo, companheiro, otimista, carismático, prestativo e acima de tudo velejador, o Mony que o diga e nós que tivemos a prazer de conviver com esta pessoa tão intensa é lógico que sentiremos muitas saudades, mas teremos a certeza de que de onde ele estiver continuará navegando e velejando sempre em busca de um porto seguro. Que Deus abençoe a todas as pessoas que ficaram no nosso plano terrestre em especial à Helena. Amigo, sempre lembraremos de você.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Vitória - Niterói - Ilha Bela

Olá amigos,
Agora estou sentado no sofá de casa assistindo televisão depois de passar uma noite de sono dormida no ar condicionado. Que diferença. Até que desta vez ainda não tive DPB (depressão pós barco), acho que estou ficando mais maduro e certo que ainda não é a hora certa para mudar para o barco e sair navegando por ai, tenho uma vida para ser resolvida em terra. Acho que na vida tudo tem o seu tempo.
Saímos de Vitória ás 18hs, acabamos atrasando devido ao forte vento nordeste oque tornava a manobra de saída da vaga muito arriscada e a essa altura da viagem não queríamos que nada desse errado Prestamos bastante atenção pois contei 22 navios ancorados e mais alguns em movimento, além dos rebocadores e barcos de serviço, eu e Gilson fizemos turnos de 3 e 2 horas consecutivas.(Só para frizar estamos vindo em dois tripulantes desde Salvador). Nas minhas contas estaríamos chegando bem cedinho em Arraial do Cabo. Um lugar muito especial de se navegar, perigoso e maravilhoso. Como já conhecia bem aquele lugar vinha rumando para passar pelo canal do boqueirão, pensava em parar nas prainhas do pontal e quem sabe comer uma porção de camarão desfrutando do visual do Gameio ancorado nas aguas claras e areias brancas de Arraial. Exatamente na hora que esta entrando nas imediações do canal, com 1,7 metros de profundidade indicada na sonda o nordeste começa a soprar com força de quase 30 nós. Imediatamente as ondas começam a quebrar aleatóriamente e onde eu estava uma manobra para voltar poderia ocasionar em perda do barco. Segui firme rumo ao canal e o mergulho vai ficar para o próxima. Com as pernas tremendo a boca seca passe pelo canal do Boqueirão, com as ondas quebrando nas pedras dos dois lados do barco. Nestas horas você pensa e se o leme quebrar e se o motor falhar bem agora, apesar que vento na faltava, mas uma manobra ali era bem complicado. Bom passamos abre uma cerveja ai e "vão bora". É lógico que com todo aquele vento o mar iria levantar, e assim foi porém o vendo não perdurou por muito tempo e tudo voltou ao normal.
Chegamos em Niterói as 4:30 da manhã, Gilson foi rever a Namorada e eu fui dormir de verdade sabendo que o barco estava parado. E nesta madrugada aconteceram duas coisas inusitadas - Gilson estava dormindo em terra com um aparelho de ar condicionado ligado e derepente o compressor desligou ele pulou da cama, gritando o motor parou oque aconteceu. Eu dormindo no barco comecei a ouvir barulho de motor e meio sonolento fiquei assustado, de repente ouvi as vozes de pessoas e pulei da cama "agora está muito perto vai bater", quando tirei a cabeça para fora vi o barco amarrado no cais de popa com uma poita no proa..."Uffa o barco já esta ancorado".
 Durante o dia recebemos visitas Lorena, Rafaella, Luciana e mais 4 crianças, coitado do Gameio, provou mais uma vez ser valente e não teve nem uma dog house rasgada. Descansamos um pouco e exatamente a meia noite e meia soltamos as amarras para a última perna Niterói - Ilha Bela. Na saída do canal vimos um navio na proa desengrenei, dei meia volta e vamos esperar, mas concluímos que estava parado, olhamos para trás e outro navio.....também está parado, saímos e derepente estávamos no meio dos dois navios um entrando e outro saindo foi emocionante. Esses portos estão muito iluminados e os navios também fica muito díficil, praticamente impossível de você distinguir as luzes de navegação, mas passamos com bastante segurança.
Decidi passar por dentro da Ilha Grande, pois queríamos dar um mergulho que não demos em Arraial do Cabo e queria ver meu grande amigo Ronaldo que é nativo da Ilha Grande. De novo na entrada norte do canal da Ilha Grande mais um grande Navio entrando e tivemos que prestar bastante atenção. Tinham 12 navios ancorados fora os circulantes, esse mar está ficando pequeno. Alguém sabe quantos navios são colocados na agua por ano????
Bom ancoramos na praia do Abraão e logo estavámos sentados a bordo do Família Genelícia e fomos recebidos com um balde de camarão, que ia sendo frito na popa do barco conforme íamos consumindo. Fui em terra compramos duas caixa de Skol e na companhia de mais alguns amigos ficamos o dia inteiro jogando conversa fora. Muitos de vocês que navegam pela baía da Ilha Grande conhecem ele. É aquele rapaz que vende gelo com o barco que fica parado bem pertinho da praia no centro do Abraão. Conseguímos sair as quatro horas da tarde rumo a ponta da Joatinga, eu desmaiei no cockipit, tinha feito muito calor durante o dia somado ao cansaço de noites dem dormir mas as cervejinhas tomadas durante o dia fizeram com que eu dormisse das oito da noite a uma da manhã. Assim que acordei novo em folha Gilson foi dormir e acordou as sete horas da manhã. Durante a noite vários raios clareavam no horizonte e cheguei a mudar o rumo para Ilha Anchieta duas vezes, mas retornei. Lembrei muito do relato do nosso amigo Hill que passou por apuros naquele trecho e justamente tinha decidido não parar na I. Anchieta. A corrente era tão forte que cheguei a parar e examinar o hélice, mas na hora que parei o barco começou andar de lado a 2 nós. Chegamos a I. Bela na poita onde o Gameio mora exatamente as onze horas da manhã. Onde desligamos o motor e ficamos aguardando nosso apoio de terra minha mãe pustiça Maria Helena e Minha querida esposa Mirella vieram me buscar. Gameio e sua tripulação itinerária navegaram 3300 milhas e ficou fora de casa desde junho de 2010, ou seja nove meses. Neste retorno foram 1450 milhas na Ida 1900 milhas.
Saldo de quebras: duas manilhas, 3x cabo do enrolador, motor com entupimento na refrigeração facilmente resolvido em Cabedelo, o mastro cedeu uns 2 centimetros. Nenhum tripulante machucado, muita velejada, muita cerveja. Todos os tripulantes que estiveram no Gameio estão de parabéns, valeu foram muitas horas de conversa, bons papos, muita comida gostosa, peixes fisgados.
Tripulação oficial em ordem de embarque:
I. Bela - Angra:                                  Rogério e Flávio
Angra - Rio:                                       Rogério e Julio
Rio - Búzios:                                      Rogério e Alexandre
Búzios Vitória:                                    Rogério e Alexandre
Vitória - Abrolhos:                              Rogério Mirella Alexandre e Patrícia
Abrolhos - Santo André:                     Rogério Mirella Alexandre e Patrícia
Santo André - Ilhéus:                          Rogério Mirella Alexandre e Patrícia
Ilhéus - Camamu:                                Rogério e Alexandre
Camamú - Morro de São Paulo:          Rogério e Alexandre
Morro de São Paulo - Salvador:          Rogério e Alexandre
Salvador - Recife:                                Rogério. Thales Bob
Recife - Fernando de Noronha:            Rogério Torpedinho Bob
Nononha - Cabedelo:                          Rogério Bob Chicão
Cabedelo - Recife:                              Rogério Gilson Flávio
Recife - Salvador:                                Rogério Gilson Flávio Maurício
Salvador - Abrolhos:                            Rogério Gilson
Abrolhos - Vitória:                               Rogério Gilson
Vitória - Niterói:                                   Rogério Gilson
Niterói - Ilha Bela:                                Rogério Gilson
Obrigados a todos!!!!!!!!!
Continuarei contando todas as histórias do Gameio como viagens e manutenções bem como preço de serviços e marinas.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Salvador - Abrolhos - Vitória

Olá seguidores!!!!
Após 6 dias no mar Gameio e sua tripulação recarrega suas baterias no simpático Iate Clube de Vitória, que por sinal fez uma cortesia.
Amarramos o barco as 4:30hs da madrugada depois de fazermos zigue zague por entre os navios, rebocadores, navios de operação do porto e pescadores. Um deles acendeu uma lanterna e nos mostrou onde estava sua rede, foi por pouco.
Saímos de Salvador as 17hs de quarta feira dia 26 de janeiro com a proa apontada para o Arquipelago dos Abrolhos 306 milhas ao sul. Logo na saida da Baia de todos os Santos, dois enormes navios de passageiros passaram próximos ao Gameio um deixando por boreste o outro por bombordo. Logo a noite caiu. Agora temos mais um importante tripulante a bordo a caixa preta, que ligada ao Ipod pode nos entreter com mais de 15000 músicas, tornando a navegada mais gostosa. Motoramos no príncipio da viagem pois sabemos que o mastro do Gameio precisa de uma manutenção e não queríamos forçar nosso equipamento. Durante a noite escura não avistamos os pirajás que chegam com rapidez e violência e não foram poucos, e é sempre assim de dia mar de almirante, a noite as ondas estouram no costado.
No dia seguinte o vento continuava porém bem mais fraco que a noite. Colocamos a genoa, oque nos me permitiu uma motorada mais confortável. Tomamos umas cervejinhas para compensar o forte calor que fez durante todo o dia com muito sol, comemos bastante porcarias: salame, ovo de codorna e palmito. Uma combinação trágica. Antes de sairmos de Salvador Gilson deu uma encrementada no nosso material de pesca, linha mais grossa e novas rapalas para repor as que foram levadas pelos peixes maiores. Após comermos esse mante de porcarias, colocamos a linha na água. Pouco tempo depois pummmm...bateu, desacelera que é grande......pega a luva que não estou conseguindo puxar.... Foi um esforço e tanto mais veio um Dourado de aproximadamente 20 kilos, maravilhoso lindo na agua. Porém além de não termos um bicheiro ou arpão para retirar tamanho peixe da agua, eu também tenho um problema em matar animal seja qual for e matar aquele bicho iria me causar uma tristeza muito grande....é isso mesmo devo ter sido peixe na outra encarnação.
E foi assim a tarde toda 3 Dourados fisgados enormes, outra rapala quebrada, uma garatéia totalmente amassada e a perna do Gilson cortada pelo terceiro Dourado que pulou em cima do espelho de popa.
De novo o mar fica calmo de dia e agitado a noite, fizemos alguns nuggets assados no forno para os turnos e começamos a procurar o Farol de Abrolhos que segundo a carta náutica tem visibilidade de 51 milhas, mas apenas avistamos com 25 milhas, ficamos até nos perguntando será que estamos indo para Africa???
Fomos contornando a ponta do banco de Abrolhos, e no canal de fora chamei a rádio farol pedindo autorização para ancorar. Pegamos uma poita da marinha, e fui mergulhara para ver seu estado, e já fica de alerta, a manilha estava por um fio de estourar!!!! Gilson levou a ancora de bote para longe e soltamos para garantir que o Gameio não sairia de lá. Logo que chegamos vi Berna que toma conta do arquipelago por parte do Ibama através do ICMbio a apenas 22 anos. Combinamos um mergulha na Ilha Siriba e fazer uma trilha. Eu não lembrava direito peguei meu bote e fui direto para a Ilha Sueste que é proibido qualquer tipo de atividade perto dela seja megulho, desembarque, ancoragem, etc. Após um tempo percebi que Berna tinha ido para outro lugar, fomos nós atrás dela e para nossa surpresa, estavámos na Ilha errada, aiaiaiai.
Enfim chegamos no Siriba e ficamos deslumbrado com a cor da agua. Nas duas vezes anteriores que estive em Abrolhos foi no inverno. E no verão é 1000000 de vezes mais linda, calma. Para vocês terem idéia na Ilha de Santas Barbara só tinha o Gameio ancorado, havia apenas um veleiro francês porém ancorado entre a Ilha Redonda e Siriba. Voltamos ao Gameio e fizemos um churrasco de patrão, com picanha, ainda congelada pela sensacional geladeira da Elber, e muita cerveja. No fim do dia Gilson me chama Rogério, estão chamando o Gameio no Rádio....era o Sargento Sávio, responsável pela Ilha nos convidando para visitar o Farol junto com um grupo de mergulhadores que estavam em duas lanchas....claro que na hora aceitei o convite, mesmo que que um pouco avariado pelo excesso da cerveja. Bote na praia e lavamos nós, o caminho que leva até o farol era muito complicado associado ao vento era díficil parar em pé.kkkkkkkkkk
O Farol veio da França e foi montado em 1861, assim sendo este ano ele completa 150 anos. Vislumbramos o maravilhos por do sol de dentro do farol e realmente naquele ponto isolado você olha para o horizonte e vê que a terra é redonda olhando o horizonte 360°. O sargento Sávio foi muito atencioso e contou todos os detalhes do farol, manutenção, como era, como ficou, mas acreditem ele é ligado e desligado manualmente por um faroleiro que mora no arquipélago.
Agora o melhor de todos é que Sávio nos permitiu até que fizessemos uma ligação do telefone do radio farol, muito legal!!!!
Voltamos ao barco muito satisfeitos tomamos mais algumas cervejas e desmaiei no cockpit mesmo. Alias Gilson me apelidou de capitão "blackout"
No dia seguinte foi dia de faina preparar o barco para mais 180 milhas que separam o Arquipelago de Vitória. Havia uma luz de bombordo queimada para trocar e abastecer o tanque de diesel. Mas antes disso pedimos uma mascara de mergulho emprestada ao Sávio e fomos mergulhar na I. Siriba, um show tartarugas, arraias, badejos quadrados, peixes porco, um aquário fantástico. Voltamos ao barco terminamos de assar a picanha e partimos as 15hs do domingo com previsão de chegada as 4hs da manha da terça feira.
Velejamos bem durante toda tarde, e toda noite. Durante a noite as ondas quebravam com ventos de até 18 nós que sopravam pela alheta.
Foi tudo perfeito chegamos ao Iate Clube exatamente no horário previsto.
Amanhã faremos a faina e devemos partir logo após o almoço, acompanhem pelo spot nossa posição.
Beijos a todos, saudades das esposas!!!!!!!!!